Estado também lidera número de novos casos da doença no Nordeste
O Dia Mundial de Prevenção do Câncer de Colo de Útero é celebrado nesta quarta-feira (26). A data acende um alerta para a Bahia, já que o estado lidera o número de novos diagnósticos da doença na região Nordeste com uma estimativa de 1160 casos em 2025. Esse tipo de câncer também é o terceiro com maior ocorrência entre as mulheres em todo o país.
Além da alta incidência, a doença também revela outro fator preocupante. É porque nos últimos dez anos, mulheres negras morreram 14 vezes mais que brancas em decorrência desse tipo de câncer na Bahia, de acordo com dados do DataSUS. Para a médica oncologista Hamanda Nery Lopes, da Oncoclínicas na Bahia, o dado está diretamente ligado às diferenças socioeconômicas entre pessoas brancas e negras.
“As mulheres negras têm menor acesso aos exames de rastreamento, de diagnóstico, aos médicos e, principalmente, aos especializados como o oncologista. Isso tudo leva a uma demora importante para a chegada ao tratamento oncológico adequado”, explica. O diagnóstico tardio faz com que tumores sejam encontrados em estado mais agressivo.
Por isso, é recomendado que mulheres entre 25 e 64 que já tiveram atividade sexual façam o exame ginecológico preventivo, o Papanicolau. “Através do preventivo é possível identificar não apenas o câncer cervical em fases iniciais ou avançadas, mas também lesões precursoras desse tipo de câncer, permitindo que elas sejam tratadas antes de se tornarem um tumor”, esclarece a médica oncologista Daniela Galvão.
Saiba quais são os sintomas
É importante lembrar que o câncer de colo de útero é assintomático na maioria dos casos, por isso, é importante que sejam feitos exames de rastreamento com antecedência. Apesar disso, Hamanda Nery alerta para possíveis sintomas da doença.
Os principais sintomas do câncer de colo de útero envolvem o sangramento vaginal. Para aquelas pacientes que ainda menstruam, podem acontecer sangramentos principalmente após a relação sexual ou fora do período menstrual.
Para as pacientes que já estão na menopausa, pode haver um retorno do sangramento. Outro sintoma é a dor pélvica, que pode aparecer em alta e média intensidade ou até intermitentemente.
Além disso, o corrimento vaginal pode ser outro fator de risco. Quando relacionado a esse tipo de câncer, pode ter seu volume aumentado ou apresentar um odor mais fétido.
Tratamento
O tratamento da doença é determinado a partir do estágio da doença e do tamanho do tumor. E pode envolver rádio ou quimioterapia, sendo na maioria dos casos um combinado entre as duas modalidades. Além disso, também há novos tratamentos em desenvolvimento como a imunoterapia e terapia alvo.
HPV é o principal fator de risco
Cerca de 90% dos casos da doença estão relacionados a infecção persistente por determinados tipos de HPV, vírus transmitidos em relações sexuais sem proteção. Por isso, a vacinação se mostra como uma das principais formas de se evitar cânceres ginecológicos, especialmente antes do início da vida sexual.
No último mês, o Ministério da Saúde ampliou a vacinação para jovens entre 15 e 19 anos. A meta é vacinar 90% dessa faixa etária que ainda não recebeu nenhuma dose da vacina. A vacina reduz o risco de infecções pelo HPV e doenças associadas, incluindo diversos tipos de câncer, com eficácia superior a 90%.
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